Atuação

• Coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Unimed BH • Neurocirurgião do Biocor Instituto, Belo Horizonte, MG Membro Titular da Academia Mineira de Medicina • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia • Membro do Congresso of Neurological Surgeons • Mestrado e Doutorado em Cirurgia pela UFMG

Especialidades

• Malformação • Artério Venosa • Aneurisma Cerebral • Cirurgia de Bypass • Revascularização Cerebral • Cirurgia de Carótida • Tumores Cerebrais • Descompressão Neurovascular • Doença de Moya-Moya Tumores da Base do Crânio Doppler Transcraniano

Contato

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A Saúde de Temer



“0 corpo dos médicos se crítica mais do que se protege e devido a isto é indispensável para proteger o povo contra suas próprias ilusões e os charlatães mistificadores.
CABANIS, Du degré de certitude de la medecine.

Infelizmente, os noticiários só dão conta das manobras políticas e maracutaias que o nosso presidente interino, Michel Temer, emprega para se manter no poder.
O maior desastre de seu governo, entretanto, passa desapercebido pela grande imprensa: sua atuação na área de saúde. Uma das facetas dessa administração perversa é a abertura desenfreada de escolas médicas, sob o pretexto de melhorar a qualidade da medicina pública, aumentando a quantidade de médicos no mercado.
Enquanto o Brasil observava com indiferença o resultado da votação na Câmara dos Deputados, o governo brasileiro acionava, mais uma vez, a caneta que mata: decretou a abertura de mais onze cursos de medicina no sul e sudeste do Brasil. As cidades contempladas foram: Angra dos Reis, no Rio de Janeiro; Araras, Guarulhos, Mauá, Osasco, Rio Claro e São Bernardo, em São Paulo; Campo Mourão e Pato Branco, no Paraná e Novo Hamburgo e São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. 
O presidente afirmou que estava "destravando pendências" de 2014. Talvez quisesse dizer que o projeto “mais médicos” não é obra de seu governo, mas, ao dar continuidade a essa insensatez, ele também entrará para a história como um dos grandes responsáveis pelo agravamento da já precária saúde pública brasileira.
A abertura de escolas médicas, a grande maioria privadas, sob o pretexto de resolver o problema de saúde pública é uma falácia. Isso já aconteceu em outros países com resultados desastrosos.
 Em 1791, por exemplo, o governo que comandou a revolução francesa decretou o fechamento das Universidades e liberou os cidadãos para a prática e ensino da medicina. Nada de exames, nada de títulos que comprovassem competência. Bastava ao interessado obter de seu município um certificado de civismo e de probidade. Com a profusão de médicos com formação sem controle das entidades médicas, o desastre não demorou a acontecer. Michel Foucault descreve, em seu livro O Nascimento da Clínica, as consequências desta política equivocada:
O público é vítima de uma multidão de indivíduos pouco instruídos que, por sua autoridade, se erigem em mestres da arte, distribuem remédios ao acaso e comprometem a existência de vários milhares de cidadãos (...) Por toda parte, pedem-se instâncias de controle e uma nova legislação. (...) Quantos ignorantes assassinos não inundariam a França, se autorizassem os médicos, cirurgiões e farmacêuticos de segunda e terceira classes a praticar suas profissões respectivas sem um novo exame (,,.)  e sobretudo nesta sociedade homicida onde  se encontram os charlatães mais acreditados, mais perigosos.
A funesta experiência da revolução francesa na área da saúde terminou com a volta das Universidades ao controle das entidades médicas. 
O Brasil, na contramão dos pareceres do Conselho Federal de Medicina (CFM), é hoje o país com mais faculdades de medicina no mundo. Além destes onze cursos abertos, agora já são mais de 257 cursos, sendo que apenas 170 deles são reconhecidos pelo CFM. Até o final de 2018, o número de novos estudantes deve pular para 27 mil ao ano, de acordo com a Lei do Mais Médicos. Isso, na prática, é o mesmo que liberar o ensino sem lastro de qualidade, como aconteceu na revolução francesa.
O lado sombrio desses atos do governo é que os governantes nada sofrem com as medidas. Aos 76 anos de idade, com aparente boa saúde, Michel Temer deve viver para ver as consequências dos atos rabiscados com sua caneta assassina: milhares de médicos, com formação precária pelas faculdades que ele autorizou, estarão brigando por um local de trabalho e pela própria sobrevivência, sem se preocuparem com a qualidade da medicina oferecida.

Ao contrário dos brasileiros carentes, Michel Temer não precisará desses médicos. Afinal, certamente terá malas de dinheiro para pagar àqueles profissionais formados em escolas decentes e com qualificação adequada.  





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